quinta-feira, 30 de maio de 2013

A outra estrada

Naquele breu inquietante da madrugada
O peregrino se aventura ao ali passar
E distraído se perde em seu caminhar
Incomodando os mortos em sua morada.

Os galhos tremulam sob a sua pisada
Ventos uivantes entorpecendo o pensar
Seus passos fugazes não saem do lugar
Sua imagem refletida a encarar, calada.

-Não tente falar e não tente caminhar.
Não há mais saída, não há mais como escapar.
Lhe disse uma sombra com voz calma e sussurrada.

-Sua alma é nossa! Lhe disse outra sombra a cantar.
As sombras riam, faziam tudo girar
Levando o tal peregrino para outra estrada.

Jessica Machado.

(27-12-12)

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Amor

vício
início
fixo


instável.


doce, salgado, azedo, amargo...estrago.


cínico.

debochado.


azedo, amargo...


imponente.

cruel.


dilacerado...acabado.

Jessica Machado.
(11-08-08)

segunda-feira, 14 de julho de 2008

mortal? imortal?
intenso? real?
esperanças     vão...
esperanças vem
a sombra espreita
mas há luz também
não suma, não suma
preciso te ver.
sentir que está aqui.
senti-lo crescer.
o sol que se põe
n'outro dia renasce,
a lua que se esconde
um dia mostrar-se-á.

Jessica Machado.
(15-07-08)

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Cartas

É nessa vida de enrascada
Que continuo embaralhada
E nunca sei minhas jogadas
Cartas empilhadas.

É no vai em vêm do salão
Que ouço meu coração
E distraio a minha mente
Perturbada, saliente.

Dados, moedas, ases mascarados
Quão dificil é vencer essa parada?
Segundos, minutos, horas a passar
O suor, maldito, não me deixa pensar.

Verde, vermelho, preto e branco.
E cores e cores, mescladas, rodopiando.
O som ambiente a todo vapor.
Jogo minhas cartas, finalmente vencedor.

Recolho minhas fichas, morgado, insone.
Quanto vale uma vitória sem uma noite de sono?
E na noite calada sigo meu rumo.
Ruas desertas, meu quarto escuro.

E deito na cama e começo a sonhar.
Contente de dormir, e a ansiedade largar.
Sem cartas, sem sons, o sono é profundo.
Então durmo, durmo, durmo.

Jessica Machado.
(01-05-08)

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Cântico

Entoando canções velejo meu barco
Embalado no ritmo do rio esverdeado
De sonho em sonho, remando eu vou
Ouvindo o som que o vento deixou.

Cachoeiras e chuvas e gotas e luvas
Sinuonas passagens, submarinos, viagens
Marcas de respiração, bolhas, alteração
Ruídos, pingos, remos, perdidos.

De sonho em sonho, remando eu vou
Ouvindo o som que o vento deixou
Relembrando os tons expressos no ar
Murmurando, dançando, sorrindo, a cantar.

Cachoeiras e chuvas e gotas e luvas
Remos, perdidos, pingos, ruídos
De sonho em sonho, remando eu vou
Ouvindo o som que o vento deixou.

Jessica Machado.
(10-04-08)

sábado, 7 de abril de 2007

Maldito seja o negror
Que só faz aumentar o calor
Maldito seja o olhar
De quem vê e não vê nada
Maldita seja a razão
Que cria o problema, mas não a solução
Maldito seja o humano
Que destrói por prazer
Maldita seja eu
Que escreve sem dizer
Maldito seja você
Que ainda está a ler
Vamos, levante!
Ajude o planeta a viver.

Jessica Machado.
(14/03/07)




sábado, 27 de janeiro de 2007

As profundezas azuladas me envolveram
Criando barreiras entre o céu e a terra
Por que existe tão instigante ser?
Que irradia tristeza e do teu ventre sai solidão
Os jardins já não são mais verdes
Já que o fogo agora é meu chão
Não existe nada que indique tempo
Mas nem me importa saber
A brisa do vento passa-me sem perceber
Olho em volta
E nada posso tocar
Onde estão o meu céu e a minha terra?
Não tenho nada a me prender
Nem ninguém a me socorrer
Por que isso não me afeta?
Deverei algo fazer
Nem aqui sei me localizar
Para que eu sirvo?
Já que ninguém se importa
Afinal
Continuo a existir?
Não tem nada a me notar
Por isso sozinha continuarei a ficar.

Jessica Machado.
(18/03/05)